14 setembro 2010

De cabeleireira à sorveteira

O tema surgiu da decisão. A inspiração surgiu do tema. O título não veio da inspiração.

Todos os dias a nossa paciência é colocada em xeque e nem sempre conseguimos ficar de bico calado. Não estamos dispostos a suportar aqueles típicos discursos que, ou fazem dormir uma ameba, ou irritam até mesmo um pé de maracujá.


Tirando tudo que é ruim o que sobra é sempre bom (mentalize um sorriso besta olhando para tua cara, agora). Por isso, a única pessoa na face desse universo que merece ouvido, chama-se: senhora minha mãe. O resto é o resto. Apenas o resto... Embora soubesse dessa artimanha já desde pequena, ao crescer, por pouco quase esqueço.


A gente precisa ter os objetivos sempre em mente, não na ponta da língua.


Na minha infância, as circunstâncias em que vivia determinaram-me uma personalidade bastante introspectiva, anti-social que, durante anos, carreguei até com certo orgulho. Uma espécie de arrogância postiça, banhada por medo. Nada era dito. Tudo era guardado. Os profs e colegas pensavam que fosse muda.


Jamais recebi conselhos em casa (eu disse JAMAIS). Sempre recebi ordens. A manha era ouvir TUDO e ficar refletindo... em outras coisas, claro. Tornei-me expert nessa façanha, conseguindo fugir então, de inúmeros tormentos desta vida.


Cabeleireira. Profissão que queriam que eu seguisse. Eu, para agradar, até tentei meter pilha na ideia (quando eu era baixinha), mas logo fiz o pai e a mãe ver que morreria de fome, caso aceitasse a proposta.


Dei com a língua entre os dentes no dia que abri a boca e disse: “-Mãe, pai, não quero mais trabalhar com sapato e com cola, quero... quero fazer um curso técnico pra ser feliz!”. (...) Esse foi um salto. Quase que me assinaram a sentença.


No fundo, a arte de viver bem é um ofício, depende da coragem de assumir a responsabilidade pessoal – que é intransferível. Não é questão de sacrifício, e sim de prazer da escolha, largar o que não agrada, custe o que custar e, óbvio, ter o permisso dos responsáveis.


Depois de aproximadamente 3 anos ouvindo críticas, a última sugestiva foi d’eu largar tudo e comprar uma máquina de sorvetes (genialidade da senhora minha mãe), porque, segundo ela, a bosta do curso não trazia lucro nenhum. Nessa hora, lembrei-me de quando era criança (nenhum pio a mais).


Silêncio.






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